Estaleiro na praia de Lençóis de Cururupu.
Você alguma vez teve aquele sentimento de querer ir parar em algum lugar totalmente inusitado no mapa?
Algum lugar sobre o qual você não saiba muita coisa, mas que naquele pedaço de papel parece ser muito interessante e promissor. Bem, eu já tive esta “sensação” muitas vezes, mas consegui por em prática esta impulsão algumas poucas vezes.
Nascer do sol em Lençóis de Cururupu
Uma delas foi quando, viajando com um grande amigo, descobrimos a Baixada de Tutóia, localizada nas Reentrâncias Maranhenses… e tentamos chegar na mística Ilha de Lençóis de Cururupu.
Mapa de localização da Ilha de Lençóis de Cururupu.
By Google.
Ao mover o zoom, poderá ver como é entrecortado e irregular o litoral entre a cidades de São Luis e Belém. Detalhes nos canais estuarinos de escoamento da gigantesca amplitude de maré que enche e “vaza” os Apicuns e manguezais da região.
Local onde as lendas sobre o sumiço e o retorno de Dom Sebastião se misturam com lendas indígenas e africanas, contadas por pescadores tradicionais albinos, em uma duna nos arredores da vila … que deve ter uma centena de habitantes, casas de madeira e palha, ruas de areia, campo de futebol cheio de buracos de caranguejos e um poço de água incrivelmente potável distribuída manualmente por mulheres e crianças.
Para chegar a Ilha dos Lençóis do Cururupu, Maranhão, pegamos carona na ‘nave mãe’ de pescadores de Mero. Este pessoal estava a caminho da Ilha para passar a temporada pescando (em barquinhos menores) Meros, até encher o porão lotado de gelo.
Provavelmente o maior Mero pescado na temporada, 200kg.
Muita história e estórias se passaram nestes 15 dias em que ficamos juntos, porque no final das contas não havia outra companhia na ilha e passamos a testemunhar o cotidiano desses homens do mar, que ainda utilizam métodos e equipamentos rudimentares de pesca.
Importante saber que a pesca deste peixe é hoje proibida no Brasil e que no período em que foram tiradas estas fotos a pesca do Mero ainda era permitida.
Para quem quiser saber mais, o Mero em inglês se chama Goliath Grouper,e seu nome cientifico é Epinephelus itajara.
A seguir, deixo algumas fotos do dia em que fui pescar em alto mar. Sem rádio, bússola, gps (haha), pouca comida e muito sol. Saímos da nave mãe as 3hs da manhã. Começaram a soltar o espinhel por volta das 5hs e voltamos para “casa” sãos e salvos por voltas das 18hs … um bela aventura!
Mero preso no espinhel, sendo puxado para o barco.
Peixe recém capturado e puxado para a embarcação.
Cabeça de Mero sendo preparada para virar comida.
Para terminar este post, gostaria de mostrar de onde vinha a nossa comida. Como podem imaginar, nessa Ilha não havia restaurantes, lanchonetes, nem nada. Então fomos agraciados pela hospitalidade dos pescadores que dividiram sua única comida de todas as refeições: cabeça, bochecha, e testa de Mero cozida, com farinha.
Bon apetit!